Novo Livro de Salvatore foca em Breezy Do’Urden

O universo de Forgotten Realms está prestes a ganhar um novo capítulo — e dessa vez, com uma protagonista inesperada. R.A. Salvatore, autor consagrado por criar o icônico elfo negro Drizzt Do’Urden, revelou sua próxima obra: “The Finest Edge of Twilight”, com lançamento marcado para 7 de outubro de 2025. A novidade foi divulgada com exclusividade pela Polygon e citada pela EN World, revelando também a capa oficial e a sinopse completa da obra.

A protagonista não poderia ser mais simbólica: Briennelle Zaharina, ou simplesmente Breezy, filha de Drizzt e Catti-brie, assume o protagonismo e promete trilhar um caminho próprio em meio às sombras e dragões. Após três décadas de aventuras ao lado de Drizzt, Salvatore decide explorar a jornada de amadurecimento de sua descendente, num gesto que ressoa tanto como passagem de bastão quanto como crítica ao peso dos legados — tema recorrente em histórias de fantasia, mas raramente abordado sob a perspectiva feminina.

Breezy, até então coadjuvante em romances anteriores e protagonista de uma Webtoon que nunca chegou a ver a luz do dia, agora ganha o centro do palco. Na trama, ela busca se tornar Mestra dos Dragões no lendário Mosteiro da Rosa Amarela, ao mesmo tempo em que lida com os olhares desconfiados dos próprios pais, que ainda a veem como “sua garotinha”.

Mas Breezy não é a única personagem com passado complexo no romance. O livro também traz de volta Dahlia Sin’felle, figura conhecida dos fãs mais atentos das crônicas de Drizzt. Dahlia ressurge das sombras com um novo propósito sombrio: conquistar poder por meio do fascínio e da astúcia de um vampiro, enquanto enfrenta os próprios demônios — e fantasmas do passado relacionados à família de Breezy.

Segundo Salvatore, a ideia é explorar as origens das personagens por caminhos distintos. “Com Breezy, tenho a chance de investigar um crescimento que vem de um lugar completamente diferente daquele da escuridão de onde seu pai surgiu”, afirma o autor em entrevista à Polygon. “Ela não é marcada pela brutalidade de Menzoberranzan nem pela luta pela sobrevivência em Icewind Dale — mas enfrenta um outro tipo de abismo: o da expectativa.”

Da Sombra do Pai ao Brilho Próprio: Breezy e a Nova Fase de Forgotten Realms

A escolha de Breezy como protagonista não é apenas uma novidade literária — é um símbolo de transição dentro da própria história dos Reinos Esquecidos, universo que há décadas se equilibra entre tradição e reinvenção. Em The Finest Edge of Twilight, R.A. Salvatore entrega uma narrativa que se distancia da origem marginal e guerreira de Drizzt para acompanhar a busca por identidade de alguém que já nasceu cercada de heróis e expectativas.

Breezy Do’Urden não é uma novata no mundo de Salvatore. Ela apareceu de forma discreta em romances anteriores, sempre orbitando o protagonismo dos pais ou sendo mencionada como promessa. Mas foi apenas agora, após o encerramento da trilogia The Way of the Drow com Lolth’s Warrior em 2023, que a personagem encontrou espaço para crescer — no papel e no papelão. “Eu a conheço por dentro”, declarou Salvatore ao Polygon. “Mas quero ver quem ela realmente é quando colocada sob pressão.”

Essa pressão se manifesta em dois caminhos narrativos: a disciplina austera do Mosteiro da Rosa Amarela, onde Breezy busca se tornar Mestra dos Dragões, e a memória de um passado que não é seu, mas do qual não consegue escapar. Afinal, como seguir um destino próprio quando se é filha de um ícone da resistência drow, neta de um rei anão e afilhada de heróis?

Essa é a virada filosófica do novo romance: enquanto Drizzt nasceu do caos e encontrou um norte ético entre espadas e neves, Breezy parte do conforto e caminha voluntariamente para o abismo. Para ela, o desafio não é sobreviver — é se provar. Sua arma é a escolha. E Salvatore, mestre em narrativas de formação, parece disposto a acompanhar cada queda, cada dilema e cada conquista.

Paralelamente, Dahlia Sin’felle assume o papel de antagonista — ou talvez espelho distorcido. Vampira em ascensão, exilada de si mesma, Dahlia constrói seu império nas sombras de Westbridge, guiada por ambição, dor e uma antiga conexão com os Do’Urden. Diferente de Breezy, ela quer moldar o mundo à sua imagem, ainda que precise enfrentar os próprios monstros no processo.

Essa dicotomia entre herança e desejo, luz e escuridão, dá ao livro um tom mais introspectivo e moralmente ambíguo — aproximando-o da fantasia contemporânea que recusa maniqueísmos fáceis. Breezy e Dahlia não são versões de bem e mal, mas duas formas legítimas de resistir, afirmar e transformar.

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