Lançamento de Fevereiro Tormenta 20 — A Libertação de Valkaria, o que Esperar?
Vinte anos depois e cá estamos nós de novo. Como um relógio quebrado que ainda acerta duas vezes ao dia, a Jambô Editora traz de volta ‘A Libertação de Valkaria‘, um clássico requentado, relançado, reimaginado — como Hollywood faz com suas franquias falidas. Mas não sejamos injustos, há algo de grandioso aqui, pelo menos na ambição. O maior dungeon crawl do Brasil, dizem. A maior aventura já publicada no país, garantem. Vinte masmorras, cada uma desenhada por uma divindade, com mapas, regras próprias e desafios épicos. Parece um épico. Mas será?
Tormenta no Brasil: Um Sistema com História, Mas Também com Cicatrizes
Tormenta é um fenômeno. De uma matéria improvisada na Dragão Brasil nos anos 90 a um dos RPGs mais vendidos do Brasil, conseguiu algo que poucos sistemas nacionais ousaram sequer sonhar. Criou um universo próprio, um panteão de deuses, uma identidade. Mas, como toda lenda, carrega seus fardos. Não é difícil encontrar detratores — e em alguns casos, eles têm razão.
Desde a conversão errática de suas mecânicas, primeiro seguindo D&D 3.5, depois se tornando algo híbrido e finalmente dando um salto de fé para o Tormenta20, a crítica sempre foi a mesma: um sistema que tenta agradar todos, mas acaba sendo um Frankstein mecânico, com remendos visíveis. Regras confusas, balanceamento duvidoso, uma constante necessidade de revisões. E a comunidade? Polarizada. De um lado, fãs ardorosos que defenderão Tormenta até a última página, do outro, céticos que veem tudo como um jogo de marketing para vender mais suplementos.
A Qualidade da Jambô: Entre Promessas e Realidade
Não se pode negar que a Jambô tem um mérito indiscutível: entrega material. Sempre entrega. Mas entrega como? Se houvesse um ranking de inconsistência editorial, a editora estaria disputando os primeiros lugares. Erros de diagramação, reimpressões necessárias pouco depois do lançamento, erratas colossais. Tormenta20 teve seu ‘Jogo do Ano’ com mudanças significativas, algo que deveria ser uma revisão gratuita, mas virou um novo produto.
E agora, ‘A Libertação de Valkaria’ chega prometendo a experiência definitiva. Atualizada, expandida, com novas mecânicas, novos desafios. Mas o histórico sugere cautela. Quantas erratas virão? Quantas revisões serão necessárias?
Os Possíveis Diferenciais do Produto: O Que Justifica a Compra?
Sejamos justos. ‘A Libertação de Valkaria’ é uma mega-aventura como poucas já feitas. Os números impressionam: 20 masmorras, 176 páginas, uma campanha que leva do nível 1 ao 20. Há novidades, como a cidade de Candeh’ssa, novas regras para devotos de deuses antigos e uma tentativa de fazer do dungeon crawl algo dinâmico e recompensador.
Isso sem falar na estrutura narrativa. A ideia de que cada masmorra tem um design próprio, uma lógica interna que reflete seu criador divino, é, no papel, brilhante. Keenn, o deus da guerra, teria uma masmorra de puro combate brutal? Wynna, a deusa da magia, um quebra-cabeça místico e arcano? É promissor. Mas será que na prática teremos masmorras distintas ou apenas versões ligeiramente maquiadas da mesma fórmula?
O Que Não é Tão Motivador: Problemas Estruturais e Marketing Nostálgico
A nostalgia é uma ferramenta poderosa. Mas também é uma muleta. Quando um produto se apoia mais no peso de seu legado do que em inovações reais, o risco de frustração cresce. ‘A Libertação de Valkaria’ foi uma aventura icônica no passado, mas será que o seu retorno é necessário? Será que sua essência resiste ao teste do tempo ou estamos apenas reciclamos um clássico porque já não há ideias novas no horizonte?
Outro problema claro: a necessidade de múltiplos livros. Para jogar a aventura, você precisa do Tormenta20, do Ameaças de Arton, do Guia de NPCs e, claro, deste novo livro. É um modelo de negócios que beira o predatório. Poderia ser um produto mais acessível? Sem dúvida. Mas é assim que a Jambô opera: vendendo suplementos e mais suplementos, garantindo que qualquer novo lançamento exija uma pilha de livros.
E há o medo da repetição. A aventura original era um longo dungeon crawl, e pelo que foi divulgado, a nova versão segue o mesmo caminho. Dungeon crawl ainda tem apelo? Ainda há público para longas sessões de exploração de masmorras, onde cada porta pode esconder um monstro ou uma armadilha? Para alguns, sim. Para outros, um suplício.
Os Bastidores: Quem Fez Acontecer
Se há um mérito em Tormenta, é que o time por trás dele é apaixonado pelo que faz. A nova versão de ‘A Libertação de Valkaria’ tem nomes conhecidos na equipe: Marcelo Cassaro, Camila Gamino, Daniel Duran, Gabriel Pitre, Lucas “Redzard” Felipetto, Momo Soares, Rafael Dei Svaldi, Thiago Trot. São nomes que entendem do sistema, que conhecem o que funciona e o que precisa ser ajustado. Mas será que isso é suficiente?
E os ilustradores, Guilherme Tero, João ‘Bones’ Santos e Pietro Antognioni, conseguem trazer um visual renovado para algo que já teve tantas encarnações? As artes seguirão o caminho mais ‘realista’ que a Jambô tem adotado, ou cairemos novamente no estilo anime exagerado que dividiu tantas opiniões?
O Veredito da Comunidade: Entre o Hype e a Cautela
A recepção da comunidade é dividida. Enquanto alguns celebram a volta da maior aventura de Tormenta, outros reclamam que mais uma vez a Jambô está requentando um clássico. Há elogios para as novas mecânicas e promessas de um desafio mais difícil, mas também críticas sobre a falta de inovação e a necessidade de múltiplos livros para jogar.
Financiamento Coletivo e Valores
A pré-venda começou e os preços são os seguintes:
- Jornada Heroica: A Libertação de Valkaria (Versão Digital) – R$89,90
- Jornada Heroica: A Libertação de Valkaria (Versão Física) – R$199,90
- Jornada Heroica: A Libertação de Valkaria (Combo! Físico + Digital) – R$249,90
Os envios começam a partir do dia 21/02/2025. Outros produtos comprados no mesmo pedido só serão enviados nesta data. Me fale abaixo sua opinião.
Paulo "Faren" Lima
Considera RPG terapia, trabalha na Stone Co, viciado em processos, nascido e criado no Tocantins, narra em The Witcher.
Eu curti esse remake da Libertação. Por ser uma aventura pra DeD 3.5, é praticamente impossível adaptar, tendo que refazer todos os seus desafios e inimigos. Algumas escolhas são questionáveis, tipo mudar a aventura pra ser de nível 1-20 ao invés de começar nível 11. Pensando que quem jogou ou mestrou essa aventura na época já deve estar escrevendo o próprio testamento, ter a aventura já adaptada, seguindo a mesma ideia de Dungeon Crawl pesado é ótima, e acho bom não terem mudado isso, afinal quem quer jogar Libertação de Valkaria quer Dungeon Crawl, quem não quer, joga outra coisa.
Nossa opinião é bem próxima.
Há prós e contras neste produto. Porém, o time de peso, ser produto BR, diversas melhorias do original, são pontos positivos. Minha crítica foi dura, mas espero sinceramente que seja um sucesso.