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Eberron: Forge of the Artificer é Anunciado em Pré Venda

Capa do livro Forge of the Artificer com estilo steampunk e detalhes arcanos
Forge of the Artificer reposiciona o Artífice e transforma Eberron em laboratório da nova edição

Não existe revolução na Wizards sem um dado digital exclusivo. “Forge of the Artificer“, anunciado com pompa e estetização steampunk-acadêmica, é o novo livro ambientado em Eberron para a edição reformulada de D&D 5e (ou 5.5E, como o mercado já apelidou). Trata-se de um produto multifuncional: reabilita o Artífice como classe relevante, atualiza espécies clássicas de Khorvaire, introduz talentos modulados e ainda tenta reanimar a proposta de campanha gênero-baseada num sistema que sempre flertou com a inércia estrutural.

Mas como toda engrenagem encantada que gira suave demais, algo aqui estala. Vamos desmontar essa forja.

O Retorno de um Cenário de Nicho com Estética de Produto Premium

Eberron não é Forgotten Realms. E é exatamente por isso que sobreviveu. Seu diferencial sempre foi o hibridismo: pulp noir com alta magia tecnológica, casas dracônicas que funcionam como cartéis corporativos, trem arcano-mecânico que substitui dragões e uma máquina de guerra consciente chamada Forjado Bélico que discute identidade mais que muito protagonista de drama HBO.

Nesse sentido, Forge of the Artificer se encaixa bem como “manual do inventor arcano para campanhas de capitalismo mágico”. São mais de 40 opções para jogadores: cinco espécies revisadas (Forjado Bélico, Duplicante, Kalashtar, Morfera e Khoravar), 17 antecedentes e 28 talentos novos. Mas esse pacotão de opções joga luz sobre uma intenção editorial clara: reposicionar o Artífice como classe pilar da nova edição.

O Artífice Nunca Esteve Tão Reescrito

Desde 2017, o Artífice tem sido a cobaia de luxo da Wizards. Uma classe que já nasceu estranha ao ecossistema vanciano de D&D. Começou como subclasse de mago, ganhou versão oficial em Eberron: Das Cinzas da Última Guerra (2019), recebeu o Armoreiro no Caldeirão de Todas as Coisas de Tasha (2020) e passou por cinco Unearthed Arcanas entre nos últimos 6 meses. Cada uma dessas versões tentava responder à mesma pergunta: como balancear uma classe que constrói coisas?

A resposta parece ter sido: “limando seus excessos e adaptando tudo ao novo Core de 2024“.

O Artilheiro agora pode explodir seu canhão como reação quando toma dano (Detonar), e sua Arma de Fogo Arcana aceita armas marciais como Foco Arcano. O Ferreiro de Batalha tem acesso mais rápido a armas mágicas e seu Defensor de Aço tem pequenas melhorias táticas. Já o Alquimista ganhou melhoras pontuais no uso de poções e no dano das suas infusões. São ajustes, não revoluções. Mas sinalizam um reposicionamento claro: fazer o Artífice encaixar melhor no perfil 2024, com mais sinergia e menos complexidade difusa.

O Cartógrafo: Subclasse Nova, Mapas Vistos

A estrela é o Cartógrafo. Subclasse totalmente nova, foi testada em UA de 2025 que traduzimos e refinada até virar o centro do livro. Trata-se de um Artífice de exploração e controle espacial, que manipula o campo de batalha com mapas encantados, teleporte tático e marcadores compartilhados entre aliados.

A ideia é magnética. Mas a versão final já mostra sinais de pasteurização. Na UA, o Cartógrafo podia desenhar em tempo real, abrir passagens em corredores ou encurtar distâncias em dungeon crawls. Agora, tudo parece mais codificado e limitado a usos diários. É funcional, mas menos ousado.

Espécies Atualizadas: Cosmética de Design ou Retorno ao Flavor?

A revisão de espécies foca nos cinco pilares de Eberron:

  • Forjados Bélicos: menos “golem de sucata”, mais “constructo art nouveau“. Visualmente polidos, perderam parte da aspereza que evocava guerra e trauma.
  • Duplicantes e Morferas: finalmente com acesso pleno a todas suas variantes.
  • Kalashtar: com foco ampliado em resistência mental e conexão planar.
  • Khoravar: meio-elfos de Eberron ganham identidade própria.

A tentativa é louvável: atualizar para as regras de 2024 sem perder a diferença cultural de cada uma. Mas falta ousadia em trazer espécies “monstruosas” como Znir gnolls ou Inspired de Sarlona, que aparecem na arte promocional mas não foram confirmados como jogáveis.

28 Talentos, Dracossinais e a Modularidade como Regra

Os Dracossinais agora são talentos. Uma mudança conceitual que liberta o marcador mágico do DNA racial. Isso não só flexibiliza a criação de personagens, como permite que qualquer um entre em uma casa dracônica sem precisar nascer nela. Uma mudança com potenciais narrativos, mas que mexe no coração do lore de Eberron que tinha sido pré-anunciada na UA Atualizações de Eberron.

Templates de Campanha: Gênero Como Mecânica

Três estruturas narrativas são oferecidas aos mestres:

  • Noir Urbano
  • Pulp Fantástico
  • Thriller Político 

Cada um traz sugestões de estrutura, composição de cenas, tipos de conflito, e até seleções de monstros adequados ao clima. É um recurso valioso que traz ferramentas para mestres trabalharem ritmo, algo muitas vezes esquecido.

Os Monstros Que Incorporam o Clima

Mais de 20 novos monstros. Mas não por tipo ou ecossistema. Aqui eles surgem inspirados no modelo de campanha.

  • Para o noir: horrores urbanos, dopplers informantes, rufiões com hextech.
  • Para o pulp: colossos biomecânicos e armadilhas-vivas.
  • Para o thriller: conjuradores aristocráticos, dragões políticos, golens protocolares.

Não é uma nova lista de monstros genéricos. É um bestiário curado por gênero narrativo. Um conceito promissor.

O Pacote Ultimate e o Valor da Fantasia

$39.99. Esse é o preço do pacote que inclui:

  • Livro físico e digital
  • 5 mapas exclusivos em VTT
  • Conjunto de dados digitais temáticos

Mais que conteúdo, vende-se pertencimento. O bundle não é só prático. Ele promete acesso, estética e diferenciação. A Wizards entendeu o modelo da Critical Role: jogador é também espectador. E quem assiste quer tokens, mapas, dados bonitos.

Vale o Custo?

Forge of the Artificer é uma declaração. D&D 5.5E quer ser modular, gênero-flex, visualmente limpo e, sobretudo, integrado ao ecossistema digital. Os ajustes no Artífice mostram uma busca por clareza e acessibilidade. As campanhas por gênero mostram uma tentativa de ensinar narrativa como ferramenta. Os monstros e mapas evidenciam uma abordagem de “RPG como produto de consumo compartilhado”.

Mas também fica claro o custo: é menos inventividade e mais previsão. Menos caos criativo e mais controle editorial. Eberron segue sendo um dos cenários mais ricos de D&D, mas agora serve como vitrine para um modelo de jogo cada vez mais centralizado e previsível.
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