Devir Suspende Jogo Após Ilustrações Ligadas à Escravidão

Comunicado oficial anuncia suspensão e revisão de Ace of Spades após críticas a cartas com imagens relacionadas à escravidão.

A Devir Brasil anunciou, em 8 de agosto de 2025, a suspensão imediata das vendas do jogo de tabuleiro Ace of Spades e o recolhimento das cópias enviadas a lojistas. A medida foi comunicada em nota pública no perfil oficial da editora no X após críticas relacionadas a duas cartas do jogo com ilustrações consideradas inapropriadas e relacionadas à escravidão.

Escute o Resumo em Áudio:

Segundo a própria editora, as imagens mostravam uma pessoa negra em situação de escravidão e um escravizador. As artes foram inspiradas no filme Django Livre (2012), de Quentin Tarantino, como parte de uma homenagem ao cinema ocidental. No comunicado, a Devir afirma ter compreendido posteriormente que a abordagem “foi equivocada” e que o uso desse tipo de representação “não é apropriado no contexto de um jogo de tabuleiro”.

Ações Anunciada

O texto afirma que a empresa “assume total responsabilidade pelo dano causado” e descreve medidas que serão adotadas:

  • Interrupção imediata das vendas e recolhimento de todas as cópias distribuídas.
  • Produção de novas cartas substitutas, sem as ilustrações originais, que serão fornecidas gratuitamente a quem solicitar.
  • Exclusão das cartas originais de futuras reimpressões.
  • Revisão e substituição de quaisquer outras cartas que possam ser consideradas ofensivas.
  • Remoção temporária de todo o conteúdo de mídia social relacionado ao jogo até que a revisão seja concluída.

A editora também indicou que revisará processos editoriais e de design, além de consultar especialistas em diversidade, história e representação cultural para futuros lançamentos.

Contexto e Repercussão

Aces of Spades integra a linha de jogos de estratégia da Devir e inclui referências a filmes e elementos do faroeste estilizado. A presença de ilustrações remetendo à escravidão gerou debate sobre os limites da representação cultural em jogos de entretenimento.

Discussão no Setor

Casos semelhantes já ocorreram no mercado internacional. Em 2020, a Wizards of the Coast revisou livros de Dungeons & Dragons para alterar descrições consideradas racistas. No Brasil, outras editoras também têm realizado adaptações para evitar termos e imagens ofensivas em títulos importados, incluindo revisões com consultoria de especialistas.

A polêmica reacende a discussão sobre como jogos de tabuleiro e RPG devem abordar temas como racismo, colonialismo e escravidão, especialmente quando apresentados em contextos lúdicos. Parte da comunidade defende que essas questões podem ser tratadas, desde que haja clareza sobre a intenção e cuidado na execução; outros argumentam que, em muitos casos, a mecânica do jogo não consegue transmitir o peso do tema sem risco de banalização.

O comunicado completo da Devir pode ser lido no perfil oficial da editora no X: @DevirBrasil. A empresa afirmou que as alterações em Ace of Spades já estão em desenvolvimento e que novos projetos passarão por avaliação externa antes de serem lançados.

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